Reforma e mercado ilegal: como a nova lei pode diminuir a concorrência desleal

Por que falar de mercado ilegal agora

Para quem empreende, a concorrência desleal dói no preço e na margem. Enquanto você cumpre obrigações, emite nota e paga tributos, parte do mercado vende sem nota, usa cadastro irregular ou sonega. A Reforma Tributária, somada a sistemas de fiscalização mais integrados, promete reduzir esse espaço. Na prática, quem joga limpo tende a ser favorecido.

O que muda com a reforma e a nova fiscalização

  • Tributação mais transparente (CBS e IBS): com a lógica de não cumulatividade e regras mais uniformes, erros e “atalhos” ficam mais visíveis.

  • Integração de dados: estados, municípios e União trocam mais informações. Cruzamentos automáticos entre notas, meios de pagamento e registros cadastrais aumentam a rastreabilidade.

  • Menos brechas regionais: o fim progressivo de benefícios locais reduz distorsões de preço baseadas em guerra fiscal.

  • Risco maior para quem frauda: inconsistências tendem a aparecer em tempo real, com multas, bloqueios e perda de inscrição.

Setores mais impactados pela concorrência desleal

  • Varejo e e-commerce com venda sem nota ou subfaturamento.

  • Bebidas e alimentos com produção e distribuição paralelas.

  • Cosméticos e higiene, pela informalidade em pequenos distribuidores.

  • Confecções e eletrônicos, com importação irregular e nota parcial.

A tendência é que, com rastreabilidade e integração, o custo de “ficar irregular” aumente — e o risco jurídico também.

O que a sua PME ganha quando o jogo fica mais justo

  • Preço menos pressionado pelo concorrente irregular.

  • Cliente mais confiante, sabendo que a origem é comprovada.

  • Acesso a parceiros maiores, que exigem compliance e documentação.

  • Menor risco de autuação por cadeia (quando o erro começa no fornecedor).

Como se posicionar para aproveitar a mudança

  1. Exija nota e XML dos fornecedores antes da entrada do produto/serviço.

  2. Conferência básica de cadastro: CNPJ, inscrição estadual/municipal, CNAE compatível.

  3. Rastreabilidade por lote/nota nos itens críticos (alimentos, bebidas, cosméticos, eletrônicos).

  4. Contratos simples e claros com cláusulas de conformidade (fornecedor responde por irregularidades).

  5. Política de devolução e estorno documentada, com ajuste fiscal correto.

  6. Conciliação de recebíveis diária: venda, cartão/PIX/boletos, nota fiscal.

  7. Treinamento do time de compras e faturamento para reconhecer sinal de alerta (preço “bom demais”, nota divergente, cadastro incompleto).

Checklist prático para reduzir risco de “contaminação” por fornecedor irregular

  • Fornecedor com CNPJ ativo e inscrições válidas.

  • XML recebido e conferido antes do recebimento físico.

  • CFOP/NCM/NBS coerentes com o produto/serviço.

  • Preço compatível com o mercado e com a tributação declarada.

  • Cláusula contratual de responsabilidade por autuações decorrentes de fraude do fornecedor.

  • Registro do lote/nota vinculado ao item vendido (garantia e recall).

  • Log de checagem arquivado (data, responsável, documentos).

Como comunicar isso ao seu cliente (e transformar em valor)

  • Transparência de origem: destaque que todos os produtos/serviços têm nota e rastreio.

  • Garantia real: troca e assistência técnica baseadas na NF e no lote.

  • Educação do cliente: explique, de forma simples, que preços muito baixos sem nota podem indicar risco.

  • Selo interno de confiança: crie um texto curto para site e balcão: “Trabalhamos 100% regularizados. Isso protege você.”

Erros comuns que custam caro

  • Comprar sem XML “para acelerar” a entrega.

  • Aceitar nota com dados inconsistentes por comodidade.

  • Não registrar a conferência (sem prova, não há defesa).

  • Deixar o assunto com uma pessoa só e sem processo documentado.

  • Vender sem nota “só desta vez”: pequenos desvios viram padrão.

Indicadores simples para acompanhar

  • % de notas de entrada com divergência por fornecedor.

  • Tempo de correção de divergências.

  • Rejeições de NF de saída e motivo.

  • Diferenças na conciliação (venda x recebíveis).

  • Chamados de garantia com rastreio completo (lote/nota).

Conclusão

A Reforma Tributária, combinada a uma fiscalização mais integrada, tende a reduzir o espaço do mercado ilegal. Isso favorece quem já faz o certo. Se sua empresa fortalecer rastreabilidade, contratos e conferência de notas, estará pronta para vender com segurança e disputar o cliente pelo que importa: qualidade, serviço e confiança.

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